terça-feira, 27 de abril de 2010

Eu a conheci enquanto esperava o ônibus após mais um dia chato de trabalho. Trabalhei naquele escritório durante 7 anos e somente naquele único dia, tive que deixar minha bicicleta porque chovia muito. Chovia de uma maneira que eu nunca tinha visto em toda a minha vida. Dizem que foi a maior enchente, desde aquela de 1941, que transformou a cidade na Veneza brasileira.
Como todo mundo que estava naquela parada, ela também estava molhada dos pés à cabeça e devia estar pensando o mesmo que todos: “que chuva de merda!”
Depois de parar de prestar atenção nas pequenas ondas que se formavam no cordão da calçada, tomei coragem e puxei assunto: “que tempinho murrinha, hein?”
Coragem eu tive, o que faltou foi originalidade.
Ela sem olhar pra mim, respondeu: “nem me fala, to ensopada...”
Subimos no mesmo ônibus e óbvio que sentei ao seu lado.
Depois desse dia, abandonei minha bicicleta e passei a usar o ônibus todos os dias para voltar do trabalho. Foi assim durante todo o tempo em que ainda trabalhei naquele escritório. Foram mais 3 anos.
São poucas pessoas que gostam de dias chuvosos. Eu sou uma delas. Por causa do maior dilúvio dos últimos tempos eu conheci minha esposa. Por causa desse dilúvio eu conheci a mãe do meu filho. Está chovendo agora. Típico dia nublado de outono. Seguro meu filho no colo pela primeira vez e quando ele crescer, a primeira história que eu vou contar vai ser porquê eu gosto tanto de dias de chuva.